segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Partir à Chegada


Percorro o cais ansioso no limite da minha visão periférica, enquanto descarrego o lastro remanescente da última viagem à tua presença simbólica.

Sem pressa, constato entretanto que à falta sentida se sobrepõe uma fé esquecida nos confins de um bau. Como um mapa carcomido pelo tempo, demasiados espaços em branco ao longo do caminho que se poderia traçar em teoria.


O tesouro que representa o renascimento de um homem saturado de monólogos medievais, de conversas desperdiçadas com os botões de camisas outrora desapertadas com enorme destreza pelas tuas mãos.


E a ansiedade desvanece na minha mente como a neblina no horizonte na agonia da madrugada à mercê do sol a nascer. Eu fixo o olhar numa estrada, recordo a euforia passada e o meu corpo transforma-se de repente, masculino, num imparável acelerador.

19 comentários:

M disse...

Catdog, tens de começar a ler os teus textos poéticos...
Não é só a tua maviosa voz que queremos ouvir, mas... sou eu que estou falha de interpretação e um pouco mais de emoção emprestado ao texto ajudava.
Mea culpa, obviamente.
Mas para quê falar em interpretações? Está magnificamente escrito, como sempre! :)

Anónimo disse...

Por enquanto os blogues ainda não possibilitam saraus pelo que só posso oferecer-te os meus préstimos em matéria de tradução de algo que te escape.
Pergunta o que quiseres esclarecer, se isso te ajudar a gostares mais do me lês.

Anónimo disse...

Do QUE me lês...

M disse...

:)
Há coisas que não se perguntam, catdog... Imaginar várias opções também faz parte do maravilhoso na leitura, especialmente a tua prosa poética, com que NOS presenteias!
Não vou perguntar nada :p, mas tenho a certeza que se ouvisse isto declamado não tinha quaisquer dúvidas!

CatDog disse...

E as que tivesses eu tirava-as, in loco.

M disse...

:) Ai sim?

CatDog disse...

Tens dúvidas? :-)))

M disse...

Não, confio na palavra de um catdog! :)

M disse...

foi dito sem malícia nem ironia (vês!!!)

CatDog disse...

E eu respondi tal e qual. Sem isso tudo, sem corantes e sem conservantes.
Talvez um pouco de blush para simular um ligeiro rubor. :-)

Anónimo disse...

Posso devanear? É que miar não sei, o meu lado felino anda adormecido.

paula disse...

Ora então se me dão licença...eu só queria dizer uma coisa, mas não me apetece nada interromper...é que não percebi essa dicotomia entre o renascimento de um homem saturado e essa trasformação repentina, masculina...num imparável acelerador????

CatDog disse...

Maria Moura: podes fazer exactamente o que te apetecer mais. E espero que consigas despertar por aqui a tua alma felina.

CatDog disse...

Não existe esse conceito (o da interrupção) nos diálogos em caixas de comentários abertas, Paula.
Entende este espaço como uma tertúlia onde, a dada altura, só estavam dois presentes. E apareceu mais gente. Gente curiosa... :-)
Não vejo a dicotomia, se reduzirmos isso dos "homens" aos clichés que os rotulam e entendermos que um homem saído das trevas (do matrimónio, por exemplo - e nota que estou a ficcionar) compra roupa nova e um carro desportivo.
Porém, alguns felizardos "aceleram" onde mais precisam para subirem o astral.
Compliquei muito ou apanhaste a ideia?

paula disse...

Complicaste, mas acho que percebi a ideia... e ainda bem que estás a ficcionar, porque assim, não me estragas o clichê de que são os quarentões (saídos das trevas, ou não) que compram os desportivos...acho isso giro;)
Olha, mas vê lá em que lençóis deixas o teu personagem, que os limites de velocidade andam muito controlados...

foryou disse...

Ou é paranóia minha ou este blog... Cat... Black... Dog... in... e mais ambas as escritas... hum... ok devaneios

CatDog disse...

Ok, Foryou. Ficamos assim que ficamos bem.
Gosto em ter-te por cá.

Anónimo disse...

(Alguém pode fazer o favor de mandar calar por um bocadinho a minha parceira?) :)

M disse...

shut, shut cat in black!