segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

domingo, 20 de janeiro de 2008

Palavras Sopradas

Percorro-te o corpo com o olhar e imagino-me a navegar os dedos pela pele suave que te cobre nas fantasias, aquela que me oferecias sempre que decidias entregar-te de alma também às mais intensas sensações.
Olhos fechados às emoções negativas, a todas as barreiras erigidas contra o impacto das palavras mais a força do olhar. Este mesmo que me conduz na tua pele banhada pela luz clandestina de um albergue qualquer.

O teu corpo de mulher arrebatada pelo apelo de um desejo proibido, de um prazer sublimado pela cedência à tentação. Irresistível, a atracção impossível de rejeitar no momento de abandonar a pele à navegação costeira destes dedos feitos quilha e destes lábios que sopram o vento suão que te arrepia.
Olhos fechados à razão que te dizia para obedecer à proibição de qualquer prazer banido da cartilha convencional, o desvario emocional sem uma explicação aceitável no conjunto de regras que a tua libido preferiu, e muito bem, ignorar.

Imagens que me permito sonhar porque é livre o pensamento e eu reservo-me o discernimento daquilo que me impele a sorrir sem mazelas.
E é esse o meu devir reflectido nestas telas que pinto embalado pelas ondas do mar que se erguem, num abraço ao rio, quando ambos se reúnem numa foz concebida por nós como uma referência simbólica a uma ilusão sem castrações, liberdade a acontecer.

As palavras, como os cães, só ferram o dente a quem as possa temer.

sábado, 12 de janeiro de 2008

Up the River


As montanhas que vejo ao fundo do rio onde o meu pequeno barco flutua têm dias que parecem querer beijar-se. No seu amor puro, movem-se as águas para que as eixem encontrar-se.

Mas o amor delas custa-me a viagem. Pois no dia em que se encontrarem, o caminho que ficou reservado para o rio ficará traspassado pela terra, intransponível, como se de uma punição se tratasse.

De uma punição por ter trazido um pequeno barco, quando eles me disseram para esperar e trazer uma caravela.

Quando eu me fiz ao rio, quando eles me disseram para esperar poder fazer-me ao mar.

Quando eu preferi fazer a jornada sozinha, quando eles me disseram para esperar até que me escolhessem um guia.

Sabem que mais? Não me arrependo.

Ainda que as montanhas se beijem, o rio seja separado e eu tenha de nadar até à margem, sem ajuda de ninguém.

Porque ao menos o barco foi escolhido por mim, o destino do rio é tão desconhecido como o do mar e, ainda assim, mais amigável, e a companhia esperar-me-á do outro lado.

Se tiver de voltar à margem, farei o caminho a pé e, ao menos, posso admirar a maravilha que pode ser um beijo.

sábado, 5 de janeiro de 2008

Talvez a Palavra Feliz


Rasgado. De um lado ao outro deste rosto que me exprime as emoções enquanto as palavras se vestem a rigor para a ocasião, no bastidor dessa expressão que me exiges e também eu tentarei provocar.
Neste palco improvisado onde te mimo, com as imagens pintadas em fundo branco, as letras, o encanto, as belezas sob esta luz que me encandeia observadas nessa mesma plateia onde me sentarei para te poder aplaudir de igual forma.

Palhaço rico, protagonista, pintado no rosto um sorriso tão vivo, tão ao teu gosto como o que me sinto capaz de te oferecer no céu da madrugada a dois em que a lua minguante se erga no horizonte depois (de um beijo), às minhas ordens, só para te impressionar.

Rasgado. De um a outro lado. Como num smile que se desenha no alcatrão com um simples pedaço de giz.
No cruzamento de uma estrada cujas tabuletas só tenham escrita uma palavra.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Com um sorriso


Com um sorriso abraço o mundo.
O que já veio e o que virá.
Com um brilho nos olhos aguardo o agora e todas as coisas que me constroem, me fazem mudar e ficar mais próxima de mim.
Com um sorriso te encontro e deste encontro, sorrio.
Com a esperança que a partir de agora os dias serão maiores e, por isso, mais tempo terei para nos descobrirmos. Um ao outro.
Larga o calendário, desacomoda-te. Nada é tempo, pois o tempo somos nós.
Nada é vazio, pois nós estamos cheios de tudo. De vontade.
Vive, salta, grita. Sente na cara o brilho do sol.
Faz-me sorrir.
Mas sobretudo, sorri.