sábado, 24 de novembro de 2007

Não Sei Como Se Faz

Tento evitar que me fuja o olhar para a janela de onde me espreitas com a mesma expressão que outrora me arrastou para o centro da nossa tormenta a dois.
Tento resistir ao apelo que me lanças mas não consigo ignorar a minha alma a gritar nem hesites por um segundo.

E eu respiro fundo, resignado na aparência, aliviado na evidência dos meus passos apressados para a porta do edifício que surge aos meus olhos com toda a luz dos portões do meu céu.
Sinto-me teu e receio alguma forma de prisão a que me condene o coração pelo pecado de te querer tanto assim.
Saio fora de mim e flutuo ao longo da estrada que me queria afastar da tua influência, não a sigo mas atravesso-a enquanto mais acima a tua janela agora fechada me recorda como és bela encostada ao umbral da porta que cruzarei.

Lá dentro encontrarei o corpo incandescente da minha loucura amante e depois esquecerei no calor dos teus lençóis a vontade fingida de te querer esquecida, como me provo incapaz.

Porque afinal não sei como se faz.
O amor sem ti.

11 comentários:

M disse...

Belo, como sempre!

CatDog disse...

Obrigado, as always.

M disse...

E também triste... como das outras vezes...

CatDog disse...

Triste? Atão o personagem vai ter com a sua amante para... para... e tu dizes que é triste?
Que melhor para um final feliz? :-)

M disse...

Li mal! Interpretei tudo ao contrário.
Pareceu-me que o tom saudosista se devia a um desejo que se escreve no presente por ser tão forte, mas que não passa de um devaneio.
Já estou formatada na leitura dos teus textos, tenho de ter mais atenção.
Mea culpa!
E que bom um final feliz!!! (não podias arquitectar a chegada de um alucinado, que perante o estado de felicidade dos dois amantes, os mata com requintes de malvadez? - já sei... que drama!)

CatDog disse...

Nada disso. O que eu quero mesmo é passar o centro da atenção para o interior daquele quarto.
Mas só posso se a minha partenére me der uma deixa...

M disse...

Ó partenére do catdog, diz que sim! :P (diz que deixa) lol

paula disse...

uhmmm...também fiz a mesma interpretação... sempre triste...mas se afinal "o personagem vai ter com a sua amante ...para..." a coisa parece compor-se:-)
Vim ver como andavam estes desvarios. ai ai...

CatDog disse...

A aparente tristeza resulta da alma poeta. Ouvi dizer que só os escribas deprimidos conseguem a inspiração necessária para exprimirem as emoções mais intensas.
Se calhar enganaram-me...
E é por isso mesmo que eu estou ansioso pela licença da parceira para me deixar ficar naquele quarto por um bocadinho. Obviamente, ela não me liga pevas.
(E daí o ar tristonho do protagonista, tásse mêmo a ver.)
;-)

paula disse...

Mas já viste as horas??? Estás em plena hora de pós- prandial...e a esta hora ela ainda não deve ter regressado...talvez se acertares os relógios;)

CatDog disse...

Não vale a pena. Eu sou homem-a-dias e ela é guarda-nocturna...