sábado, 8 de dezembro de 2007

(Des)Peito Aberto

Marcas a hesitação com o pêndulo de uma emoção desgovernada, numa hora a amada que despi e agora a menina assustada que me expulsa de ti, a outra que me quer.
E eu deixo-me arrastar, infantil, pela maré que criam as tuas luas e percorro sozinho as ruas em busca de consolos de circunstância que só me acicatam a tua falta, ainda mais.

Regresso sem orgulho, rastejo aos meus olhos e aos teus. O amor que te tenho calado, para minha defesa, simulado por detrás de uma espécie de véu que me priva desse céu na tua boca que sorri quando percebes o que senti enquanto deambulava a ira passageira.

Dispara o coração, de tal maneira acelerado pela privação que o acobarda ao ponto de me humilhar perante ti e eu perceber que é de vez, atraiçoado pela lucidez que me impede de fugir da vergonha também. Da expressão vencedora que tem esse olhar de matadora que me revolta.

Mas a paixão logo sufoca a rebelião com um beijo de fogo e os corpos tombados na cama onde por certo vingarei o vexame como um homem que não te ame tanto como eu, nem verdadeiramente te queira sequer.

Ou como outro qualquer.

7 comentários:

paula disse...

uhmmm...sim Senhor!
Belo texto, cheio de paixão :-)
Já agora, reclamo o meu (des)peito também pela tua ausência no meu blog... hà livro de reclamações?
lol

CatDog disse...

É uma ausência de intervenções, Paula, e não uma ausência propriamente dita.
Faz de conta que eu chego ao café onde estás e vejo-te acompanhada por uma pequena multidão em alegre cavaqueira. Sou tímido e prefiro passar despercebido, enconstando-me a observar-te em silêncio a partir de uma mesa qualquer. ;)

paula disse...

uhmmm...?
Mas estás a ficcionar, ou sonhaste?

CatDog disse...

Seria sonhar alto, bem o sei...
Por isso podemos chamar ficção à minha analogia.
Como podemos chamar-lhe outra coisa qualquer, desde que me livre dessa imagem de ausência tão pouco consentânea com a realidade. :-)

paula disse...

Justificação aceite, estás perdoado, mas sempre que passes, podes deixar um byebye-zinho:)
Beijinho

M disse...

Um regresso com um texto magnífico CatDog!
Só se dá verdadeiramente valor áquilo que se esteve quase a perder...

CatDog disse...

O protagonista é um gajo cheio de vontade de aprender e estas lições de vida enriquecem-no imenso, Medusasss.
E não há relação amorosa, mesmo ficcional, sem algum frisson de tempos a tempos... :-)