quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Acaba Como Começou

Apareceste do nada, dizendo palavras poéticas, descontextualizadas.
Desconfiei, pedi a mim própria para desconfiar. Desconfiar como quem desconfia de um estranho na rua.
Que é o que és: um estranho.
Encontrei loucura nas tuas palavras, senti-me oprimida com a tua alma, tão impregnada de egocentrismo e expressões difíceis, as quais só lianos livros ou nas legendas de filmes melodramáticos.
Achei que o teatro tinha chegado à minha vida. A dramatização por ti representada era-me estranha, como aquilo que tu és.
Um estranho.
Um estranho que descobri depois que dizia palavras sussurradas, com tom cativante e sorrisos maravilhosos.
Estranhamente, aliei-me à tua loucura, contextualizei-a, mergulhei na tonalidade poética que davas à minha vida, aos poucos de cada vez, todos os dias.
Mas, se a sinceridade total é utopia ou manifesta a loucura, eu não quero ser louca em full-time.
Tolda-me o juízo, desvia-me do caminho que me custou a construir.
Tento não querer mais, não falar mais, não responder mais.
A um estranho.
Um estranho que tem de sair da minha vida como entrou: inesperadamente, radicalmente, estranhamente.
Para que eu possa estar em Paz.

5 comentários:

M disse...

Há pessoas tão intensas que não podem tomar mais de nós que um pouquinho do nosso espaço, do nosso amor, do nosso tempo... mais que isso e anulamo-nos por completo, face ao ser extraordinário.
Dizemos então "Adeus", e esperamos que o ser extraordinário encontre alguém como ele, para poderem ser extraordinários juntos.

M disse...

Aparte isso, belíssimamente bem escrito, as always! :)

CatDog disse...

Há aqui algo que me está a escapar...

(O texto está excelente, obrigo-me a referi-lo.)

Cat in Black disse...

:) obrigada, muito bondoso de vossa parte (vénia)

*

Eliana Mara Chiossi disse...

Já vivi isso e este pedido, na época, parecia que só eu entendia. De que a loucura, também alimento, não me levasse junto.