domingo, 20 de janeiro de 2008

Palavras Sopradas

Percorro-te o corpo com o olhar e imagino-me a navegar os dedos pela pele suave que te cobre nas fantasias, aquela que me oferecias sempre que decidias entregar-te de alma também às mais intensas sensações.
Olhos fechados às emoções negativas, a todas as barreiras erigidas contra o impacto das palavras mais a força do olhar. Este mesmo que me conduz na tua pele banhada pela luz clandestina de um albergue qualquer.

O teu corpo de mulher arrebatada pelo apelo de um desejo proibido, de um prazer sublimado pela cedência à tentação. Irresistível, a atracção impossível de rejeitar no momento de abandonar a pele à navegação costeira destes dedos feitos quilha e destes lábios que sopram o vento suão que te arrepia.
Olhos fechados à razão que te dizia para obedecer à proibição de qualquer prazer banido da cartilha convencional, o desvario emocional sem uma explicação aceitável no conjunto de regras que a tua libido preferiu, e muito bem, ignorar.

Imagens que me permito sonhar porque é livre o pensamento e eu reservo-me o discernimento daquilo que me impele a sorrir sem mazelas.
E é esse o meu devir reflectido nestas telas que pinto embalado pelas ondas do mar que se erguem, num abraço ao rio, quando ambos se reúnem numa foz concebida por nós como uma referência simbólica a uma ilusão sem castrações, liberdade a acontecer.

As palavras, como os cães, só ferram o dente a quem as possa temer.

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